quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Come to me, crazy people!




Se eu fosse um mutante entre os XMen, eu provavelmente seria tipo o Magneto, mas não exatamente como ele, porque meu poder não envolveria manipular metais, mas atrair gente maluca.
Antes de eu sair do Brasil duas amigas lindas me disseram a mesma coisa em palavras diferentes, mas eu vou resumir: Renata, largamão de ser imbecil e não confia tanto em desconhecidos. E eu ouvi, juro que ouvi, mas...hãhãCOFCOF...Colocar em prática são outros quinhentos...
Sexta feira eu estava novamente na minha busca semi-eterna por um flat - EU CONSEGUI UM! YAY! VIVA EU! História pra outro poste - e na volta, a caminho da estação Nordbahnhof, quando um moreno lindo com o sotaque francês mais fofo me pergunta pra que lado fica Alexanderplatz, eu expliquei educadamente - fico feliz de dar informações quando eu sei onde estou, porque na maioria das vezes sou eu quem está perdida - , ele agradeceu, eu coloquei meus fones de ouvido, voltei para minha bolha envolvida por uma camada extra-protetora de Death Cab For Cutie, mas enquanto caminhava alguém encostou no meu ombro...Me voltei preparada para dar bolsada, porque né, fazia apenas dois dias que eu quase tinha sido assaltada, mas era o morenão de novo, lindo, francês com dentes perfeitos, dizendo que estava indo para uma festa, que tinha acabado de chegar em Berlim e não conhecia ninguém e perguntou se eu queria ir com ele. Agora pausa para explicar.
Eu sei o que vocês tão pensando, "AI, RENATA, CÊ É BURRA? CÊ NÃO OUVE NADA QUE A LET E A NAT FALAM PRA TI?!" Sim, eu sou burra, como eu disse, eu ouço, mas colocar em prática fica difícil quando a pessoa é tão gentil, e bonita, e me trata bem na rua, e bonita, enfim...Sô idiota, mano, me dexá!  Se eu não fosse assim, não ía ter história pra contar procês.
Voltando, o francês morenão me chamou pra festa e eu pensei "Why not?! YOLO!" e fui com ele, mas ainda tava muito cedo pra tal festa, então a gente foi jantar numa hamburgueria daora perto de Rosenthaler Platz, conversamos horrores sobre comida (um dos meus assuntos preferidos, e que os franceses dominam muito bem), vinhos, e etc. Quando terminamos ainda estava cedo, e fomos caminhando pelo Mitte, e acabamos indo pra esse lugar super legal de drinks com absinto, Absinth Depot Berlin, tomamos uns bons drinks, falamos um pouco sobre cinema e música, ele começou a me contar da vida dele, e aí fomos para Alexanderplatz. Ainda era muito cedo, por isso fomos em outro bar, tomei um Long Island Ice Tea, e o morenão já tava alegrinho começou a me contar os sonhos de infância e os anseios de sua pobrevidarica em Paris, comecei a achar estranho o cara se abrindo assim pra alguém que ele tinha conhecido na rua três horas antes, mas até aí, eu tinha sido mais louca de aceitar ir com ele.
Finalmente chegamos na balada, um lugar chamado Traffic, caro e com tocando pop ruim que fez sucesso há 10 anos atrás no Brasil - lembra daquela "A ella le gusta la gasolina/Da me mas gasolina, yep, tocou - e quando a gente chegou lá o francês alegrinho começou a ficar mailocoqqueobátima, começou a pedir champagne, me tascou um beijo e começou e me chamar de meu amor, dizer que do momento que ele me viu na rua ele soube que eu era o amor da vida dele, que eu era perfeita, que ele queria me levar para a França, que eu poderia parar de procurar flats aqui, porque eu poderia morar com ele em Paris, que ele conseguiria uma bolsa na melhor universidade de moda francesa para mim, que me ajudaria a abrir meu negócio, enfim, car@s, o francês maluco começou a me jurar amor eterno e praticamente me propôs casamento.
Eu pensei que ele tarra me zuano, eu pensei que era o álcool, a princípio eu achei até bonita e poética toda aquela paixão, vamos combinar que eu ouvi uma pilha de elogios em menos de cinco minutos, que eu não tinha escutado minha vida inteira, mas aí não sei como, nem daonde, a razão em formato da Nat e da Let surgiu por de trás da névoa alcoólica que até então tinha se instalado no meu cérebro, e gritou na minha cabeça: RENATA, CORRE QUE ESSE FRANCÊS É LOCÃO, PÁRA DE SER IDIOTA!
Virei pra ele e comecei a falar que ele tava muito locão, que não tava falando coisa com coisa, que era melhor a gente ir embora, que ele não podia jurar amor eterno por alguém que ele tinha acabado de conhecer, que ele nem sabia quem eu era, nem conhecia minha família ou meus amigos, não sabia nada da minha vida, que as coisas não eram assim. Ele ficou negando, dizendo que era tudo verdade, que não era a bebida que ele me amava, e aí eu falei "fio, cê tá mal, vamo embora e amanhã a gente conversa sob a luz da sobriedade e cê vai vê que cê tá falano bosta." Pegamos um taxi, ele ficou me dizendo pra gente ir pro hotel dele, que ele não ía fazer nada - aham, cê tá bom né, nêgo, cê já tá me tirano pra burrona agora - e no fim me deixou na frente de casa.
Sábado eu acordo linda e maravilhosa - NOT - com meu telefone tocando desesperadamente. O francês doidão tava embaixo do meu prédio pra gente tomar café!!!! Maaaaaaaaaano, que medo. Sério! Nesse momento deu medo. Eu pacientemente me vesti, meu cérebro processando 72367235436 ideias ao mesmo tempo, e desci, sentamos no café da esquina, ele já tinha pedido chá e croissant pra mim - enquanto eu mesma não conseguia nem engolir minha própria saliva.
E aí comecou a ladainha, ele ficava segurando minha mão esquerda e falando do amor enorme que ele sentia por mim, olhando dentro da minha alma com aqueles crazy eyes - não tinha percebido que eles estavam ali antes, mas agora eu via, igualzinho no How I Met Your Mother - e eu ficando cada vez mais assustada, comecei a tentar pensar em uma saída, mas ele não me ouvia, eu tentava explicar que não era assim, e ele rebatia com declarações de amoreternoamorverdadeiro, tinha passado do lisonjeiro há muito tempo, e agora tava parecendo coisa de psicótico obsessivo. Aí eu disse, "olha fio, to indo encontrar uma amiga e um casal de amigos, não posso e não quero conversar sobre isso com você agora porque tu não tá ouvindo, caramba! me liga no fim da tarde e a gente conversa.", ele ficou insistindo pra ir junto comigo, dizendo que ia sentir saudade (!!!!),  e eu pensando "caralho, onde eu fui amarrar meu bode?!", aí de repente ele se ligou que eu ía encontrar dois caras que eram casal e falou que não queria eu eu encontrasse outros homens!!!!! Aí minha paciência foi pro espaço! WHAT THE PORRA?! Perguntei "como assim? eles são meus amigos e são um casal!" já pronta pra entrar numa briga feia, e ele lançou um "bom se eles são um casal e você tem certeza que eles não são 'fake gays'querendo ficar com você, tudo bem!" Minha vontade era enfiar a mão na cara dele com toda a força do meu ser, eu não sei o que me impediu, ao em vez disso, levantei e saí caminhando, ele veio atrás de mim falando uma série de coisas, mas aí eu já não ouvia mais, nem enxergava mais, estava cega de raiva! QUEM ERA ESSE CARA IDIOTA? Então, ele disse que me ligava às 17hs, e eu simplesmente entrei no trem e fui encontrar minha amiga. Contei tudo e ela me disse pra não atender, mas quando deu quatro e meia da tarde ele começou a me ligar, e dezesseis ligações perdidas depois eu atendi e falei pra ele nunca mais me procurar.
Cinco minutos depois ele me ligou de novo para ter certeza que eu "não tinha mudado de ideia".
Fiquei com medo de voltar pra casa e ele estar na porta do prédio de novo, mas pelo menos isso ele respeitou e nunca mais voltou.
Eu entendo que algumas pessoas são intensas, e não espero que todo mundo seja como eu,  talvez eu esteja errada e ele seja um cara legal para alguém, e simplesmente seja mesmo apaixonado, e eu que seja uma pessoa coração gelado, mas DELSDOCEL, foi demais pra mim. Foi de divertido e lisonjeiro para loucãoobssessivoalguémqueparecequevaimecortarempedacinhosecomeraospouquinhosmulherdoyokistyle em trinta segundos!
Se isso serviu de alguma maneira como lição foi para aprender a ter mais cuidado com quem eu conheço na rua, e finalmente botar em prática o que minhas amigas me disseram e me preservar um pouco mais. Se for para eu conhecer alguém daora vai ser devagar, no tempo certo e sem pressa. Só preciso parar de ser tão impulsiva, e esperar nunca mais cruzar com o francês doidão de novo.
Liebe Grüße
Xu


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